sexta-feira, 22 de junho de 2007
Testando o óbvio
A. Peticov.
Você esbarra num sujeito de um metro e oitenta e dois, cabelos revoltos e ondulados ao vento, pele morena, olhos atentos em você, assim sem mais nem menos; e se ele fala com uma voz profunda e maviosa e diz perdão com um meio sorriso de dentes impecáveis e ainda por cima você sente o hálito fresco e perfumado, e ele é muito mais charmoso que modelo de publicidade de pasta de dente; e se ele então sorri por inteiro e pergunta se você está bem, você
a) diz que sim, obrigada;
b) diz que ele não se preocupe e fica ali, encarando o belo sem sair do lugar;
c) não consegue dizer nada e sai meio fugida.
Se numa festa em que você só conhece uma pessoa e ela não fica junto de você, te apresenta a um grupo e sai por aí, você
d) sorri amarelo e espera que falem com você;
e) puxa assunto sobre qualquer bobagem que lhe vem à cabeça;
f) pede licença delicadamente e sai pra um canto da varanda.
Se você vai shopping e tem que escolher um vestido pra assistir ao casamento de sua melhor amiga, você
a) escolhe um tom vibrante que chame a atenção, porque quer estar bem bonita;
b) procura um modelo discreto, caríssimo e elegantésimo que derrube todas as peruas presentes;
c) escolhe um tom discreto, um modelo alinhado mas simples, porque acha que só quem deve chamar a atenção nesse dia é a noiva.
As respostas são óbvias e dispensam explicações.
Agora em qualquer dos casos a resposta c – também obviamente – denota certa ou muita timidez, delicadeza de espírito daquele tipo que deixa você invisível ou alguma fobia social.
Tu sofre, né, amiguinha? Te cuida, viu? O mundo costuma ser muito cruel pra tais pessoas.
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Um comentário:
Adoro a tua prosa !!!
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