Pragmata é o nome de um tipo ou fonte gráfica. É também o nome de um disco da cantora Katy Garbi e de um ringtone para celulares, de Anna Vissi, autora de letras de música.
O termo está ligado à Grécia, de onde veio. Mas bem
que podia ser usado em português, porque dá uma ideia mais imediata de
pragmatismo do que o adjetivo correspondente, pragmático, de uso corrente e
geral, que designa um cara ou um ato de caráter prático. Há também as formas pragmatista, quando se fala do
pragmatismo fundado pelo filósofo e psicólogo William James, que trata dos
resultados práticos da aplicação de conceitos; e pragmaticista, diferente da filosofia utilitária de James, que vem de
pragmaticismo, criado por Charles Sanders Peirce, filósofo, matemático e físico
americano.
Como não quero falar de nenhum deles – nem de tipos
de letra, nem de música pop grega, nem de filosofia – mas adoro a palavra
pragmata, que me parece mais, digamos, pragmática, peço licença para trazer
para o português a forma grega.
Peço também licença para aplicar esse neologismo a
determinadas figuras que compõem nossa sociedade na área dos negócios, da
economia e da política. Não pretendo avacalhar o termo (como disse, acredito em
sua força de expressão e em seu poder de comunicar). Mas não posso deixar de
ligar uma coisa à outra.
Se pragmata dá mais força à ideia de praticidade,
busca de resultados imediatos, serve também como qualificativo de quem tem
pressa de se arrumar, sair ganhando de todas as situações, e pensa primeiro em
si mesmo, mesmo que por direito encarne um representante do povo, no caso dos
políticos, ou um elo social para o bem-estar geral, como deveria ser o caso de
negociantes e economistas.
A gente imagina que a palavra egoísmo se refere
sempre a indivíduos isolados, quando diz: Fulano é um egoísta, no sentido do
cara que só pensa em si próprio e quer que o resto do mundo se exploda. Isso é
verdade, mas é também extensivo a grupos e facções dessas classes citadas.
Talvez até um político cassado possa ser solidário, até abnegado, quando se
trata de sua família e seus amigos. Mas quando assesta suas baterias contra o
dinheiro público, está sendo coletivamente egoísta, porque contagia os colegas
menos fortes de caráter com sua forma de agir, e o bando dos corruptos cada vez
aumenta mais.
Também os negociantes rastaqueras, que só pensam em
explorar o próximo, que enganam, mentem e tiram vantagens inadmissíveis em cima
das tendências do mercado em todos os níveis, são pragmatas no pior sentido do
termo. E todo pragmata nesse caso é um egoísta coletivo, que influencia seus
pares com atitudes que fatalmente serão prejudiciais a terceiros, em relação
aos quais está se lixando de verde e amarelo.
O mesmo pode ser dito dos economistas, quando
pensam em termos exclusivamente técnicos, deixando de fora as necessidades
concretas de uma maioria despreparada para enfrentar mais despesas ou perdas
salariais. E quando economistas pragmatas – essa classe ambígua – age movida
por interesses políticos, como em geral acontece, encarna o pragmatismo mais
lamentável que se possa imaginar. Porque, nessa esfera de ação, nada passa em
brancas nuvens, nada é de curto prazo, e os prejuízos se repetem em cascata sobre
suas vítimas.