Ninguém no mundo dos homens pode se considerar de
todo amadurecido antes de perder alguma coisa ou pessoa que tenha representado
muito em sua vida – um amigo, um amor, uma crença, uma certeza ou – como agora
se tornou tão frequente, com os últimos acontecimentos da política – uma
ideologia pela qual lutou e sofreu. É uma certeza dura e fria, que se adquire
depois que muitas outras certezas se foram.
Uma grande perda faz com que a gente se perca um
pouco de si mesma. É como se nos tirassem um pedaço, um lugar próprio, um
alicerce. Como uma árvore sem raiz, uma construção sem fundamentos de repente.
Grandes amigos são parte de nós, e quando Caetano diz que a amizade é superior
ao amor, sabe o que está dizendo: perder um amor é um verdadeiro trauma, mas em
geral o tempo se encarrega de amenizar esse sofrimento. Ver desaparecer um
grande amigo, no entanto, daqueles fraternais, com que se conta pra qualquer
ocasião, daqueles difíceis de encontrar, mas que às vezes nos são concedidos, é
uma dor que nunca mais tem fim. E quando se perdem ideais que nos davam força e
razão de lutar e viver, a vida parece vazia.
Ninguém deseja perdas, por menores que sejam. Mas a
vida se encarrega de provê-las, e elas acontecem e nos afetam. Essa
inevitabilidade, essa impotência diante do irremediável nos transforma, para o
bem ou para o mal, em pessoas diferentes. O resultado final depende em cada um,
de como elabora e consegue lidar com os golpes que a vida desfere. Depende das
reservas subjetivas e da qualidade do caráter do perdedor.
Os livros de auto-ajuda nos recomendam uma atitude
positiva diante da vida, e de tanto repetir isso ficamos sugestionados. Mas nem
todos podem ganhar. A vida real não manda cartão de boas festas nem respeita o
pensamento positivo. A vida real não tem a menor educação; golpeia quem
encontra pela frente sem nenhuma razão e sem pedir desculpas. Sem aviso prévio
desilude, pratica injustiças gritantes, arranca da gente filhos, pais ou
amores. É cúmplice de juízes malignos, ídolos desmascarados, homens e mulheres
violentos e cruéis.
Meu palpite é que talvez seja mais produtivo pensar
sobre como melhorar a realidade que nos cerca. É melhor promover mudanças do
que embarcar em palavras que, por mais bonitas que sejam, são vazias como bolas
de encher.
9 comentários:
"...ou – como agora se tornou tão frequente, com os últimos acontecimentos da política – uma ideologia pela qual lutou e sofreu."
É. Acho que não preciso comentar.
Ótima semana, amiga.
Beijos
é... talvez seja necessário perder pra amadurecer... mas nesse sentido, preferia ter continuado imatura a ter perdido certas pessoas...
acho q vc acertou em cheio no palpite, tb...
smacks
Parece paradoxal, mas as perdas funcionam como esteios rígidos. Sustentáculos construídos com aquilo que se perdeu.
Concordo com você.
Bjos
"Uma grande perda faz com que a gente se perca um pouco de si mesma" Assim é. E há perdas tão irremediáveis...
Um beijo.
Nossa ! Adorei o blog !!
Gostaria da sua opnião no meu novo blog: http://gossipnoow.blogspot.com/
Parabéns !!
Perda: algo arrasador.
dade: estou no 3 ainda. Está duro realizar minha tarefa com prazo. Assim que eu acabar, mergulharei no que já tenho (está tudo salvo).
Querida amiga.
Existem verdades que
estão além das palavras,
e como você colocou muito bem,
tem uma forma diferente
de atuar sobre cada pessoa.
Particularmente
não gosto dos livros de auto ajuda.
Para eles, tudo é simples,
todas as pessoas são fortes,
e tudo o que ocorre tem uma razão.
Penso que cada pessoa
é um mundo,
e assim,possuem olhares diferentes sobre as perdas que ocorrem
em suas vidas.
Que haja sempre em
teu coração espaço
para os sonhos.
Terminei o trabalho. A partir de amanhã começarei outra vez a leitura do romance, que é para entrar de novo no clima.
Você já falou tudo.
Vamos falar mais o que?
Sigo-te , pois me senti bem aqui.
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