quarta-feira, 22 de abril de 2009

Assuntos de família

Dia Metral vivia mergulhado em suas lucubrações. Era um tipo radical, fechadão e de poucos amigos. Desde os tempos de escola, nunca admitiu ser contrariado ou desmentido em nada, embora sistematicamente contrariasse todo mundo.

Quando se apaixonou por uma vizinha, moça muito dócil, e decidiu que se casaria com ela, foi vapt-vupt: em dois meses eram marido e mulher. A senhora Metral, que se chamava Peri, agora Peri Metral, mantinha a calma em qualquer situação e tentava resolver tudo na conversa. Contornava as situações com muito tato e diplomacia. Evitava brigas com vizinhos que contrariavam Dia e amansava-o com jantares e sobremesas deliciosas.


O rabujice e a teimosia de Metral no entanto começavam a incomodar a pobre mulher além da conta. Tentou discutir a relação com ele, mas a resposta foi um taxativo vai pra cozinha. Peri, que nunca tomava decisões impensadas e contornava todas as dificuldades, foi ficando como se diz por aí cheia de tanto radicalismo e acabou pedindo o divórcio. Dia Metral ficou azul, roxo, vermelho e depois deu um murro na mesa. Peri correu para o quarto com medo dele, mas conseguiu o que queria: deixou de ser Peri Metral e voltou a usar o nome dos pais, senhor e senhora Frase.


Peri Frase não demorou muito a encontrar outro marido, o cordato Circunlóquio, que se tornou o homem de sua vida e com quem teve uma ninhada de filhos encantadores e prolixos.

Quanto a Dia Metral, após dez anos de solidão, encontrou enfim a musa de seus sonhos e não perdeu tempo: casou com ela e viveram brigando para sempre como cão e gato. A nova paixão se chamava O. Posta.

8 comentários:

Anônimo disse...

Adelaide, só tenho uma coisa a dizer:

HAHAHAHAHAHA!

Ótima, essa!

Um abraço.

O Profeta disse...

Ó chamateia que fala da saudade
Ó canção que pões um brilho nos olhos
Ó mulher que tens a forma da viola
Ó que espalhas paixões aos molhos

E o cantar da meia-noite
A todos encanta e seduz
Cantar até que morra a voz
Cantar até que haja luz


Vem tocar uma Viola de dois corações

Bom fim de semana



Mágico beijo

Anônimo disse...

Oi, menina.
Passei aqui para agradecer o seu voto no meu texto para a "Blogagem coletiva" do Fio de Ariadne.
Obrigado!

Um beijo!

William Lial

Marcelo Amorim disse...

Pra te avisar, prima, que tô voltando à lida do blog. Quer dizer, assim espero ;-)

Marcelo F. Carvalho disse...

Maravilha de conto, Adelaide!
Muito bom!

Ester disse...

Oi amiga,estou passando para pedir um favorzinho, se for possível e der prá vc votar no meu blog nesse link abaixo, vou te agradecer muito!

http://elainegaspareto.blogspot.com/

obrigada viu...!


beijinhos!*.*

Graça Pires disse...

Uma história do dia a dia contada com imensa graça. Gostei mesmo. Um beijo.

O Profeta disse...

Os sonhos cabem numa bola de sabão
Levada por uma brisa zombeteira
Subiu alto e tocou o rosto de um anjo
Que sorriu de uma doce maneira

Passou a rasar uma nuvem
Daquelas que cobrem o azul
Fez um bailado de círculos
E decidiu seguir para sul


Bom feriado e fim de semana


Mágico beijo