terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nostalgia sem saudade





Theo G. Alves. A casa miúda. Currais Novos, edição artesanal, 2005. 95 p.

O próprio passado, recriado em crônicas e contos de Theo G. Alves, gerou um presente que não fala de saudade – entendendo por saudade o desejo impossível de repetir o que já foi, de reviver a vida da memória. Pode ser que esse jovem do Rio Grande do Norte sinta falta de alguém ou de algum lugar de seu breve passado, mas isso só diz respeito a ele próprio.
O mesmo não acontece com o texto de Theo. Para os leitores, A casa miúda – um título alusivo talvez à tenra idade – é produto de experiências poéticas, contatos e percepções reprocessados e reconstruídos. A matéria prima é viva e úmida, mas o produto é nitidamente diferenciado e enriquecido de conquistas e aperfeiçoamento.
A escolha dos temas tangencia muitas vezes um memorialismo, que no entanto não se explicaria senão pelo viés poético com que ele os focaliza e que lhes dá uma vitalidade  universal. Theo não narra sua história de vida, ainda muito breve e restrita, mas fala de sua intensa aventura existencial traduzida em narrativas curtas, deliciosas como o “Exercício de poesia nº 26 – Antônio e o escafandro”, plenas de referências como “Meu silêncio é Gregor Samsa” ou personagens marcantes como “João Doido”.
Theo G. Alves apenas começa, e começa bem. Certamente muitas outras casas ainda estão por vir. Bem-vindo, Theo.

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