terça-feira, 22 de outubro de 2013

Leitura perfumada




Andei relendo as Histórias de cronópios e famas, do Cortázar, autor e livro pelos quais tenho especial ternura. (É engraçado como certos livros ficam amigos da gente – ou a gente deles, talvez seja mais realista dizer assim.) Cronópios então é um de meus melhores e maiores amigos-livros. Assim como os amigos-gente, eles também se mostram um pouco diferentes a cada vez que os encontramos. Não ficam mais gordos ou mais magros, mas envelhecem e amadurecem, física e emocionalmente. À medida que o tempo passa, vão firmando a imagem mental que temos deles, aprofundam os sentidos de seu texto e deixam perceber novos sentidos que antes nos escapavam. Pode-se dizer que vamos conhecendo melhor nossos livros a cada leitura, o que certamente tem a ver com nosso próprio auto-conhecimento e maturidade.
Reli as Histórias pela quinta ou sexta vez, e elas sempre me dão um enorme prazer e me fazem rir. Mas nessa última leitura descobri um atrativo inusitado em meu exemplar: sem eu saber como nem por quê, o livro ficou perfumado. Não que o perfume de minhas mãos tivesse passado para ele. O cheiro é outro: é meio madeirado, um pouco sândalo, um pouco poeira, com um toque bem leve de baunilha que o redime e o deixa realmente uma delícia. Um perfume com um bom fixador, porque impregnou o livro inteiro, de capa a capa. Um perfume masculino, com certeza – e que agora associei a Cortázar.

2 comentários:

Enylton disse...

Essa Leitura Perfumada é um achado!

Beijos nossos, querida.

Aloísio disse...

Muito bom o texto, Dade!

beijos