Andei relendo as Histórias de cronópios e famas, do Cortázar,
autor e livro pelos quais tenho especial ternura. (É engraçado como certos
livros ficam amigos da gente – ou a gente deles, talvez seja mais realista
dizer assim.) Cronópios então é um de meus melhores e maiores
amigos-livros. Assim como os amigos-gente, eles também se mostram um pouco
diferentes a cada vez que os encontramos. Não ficam mais gordos ou mais magros,
mas envelhecem e amadurecem, física e emocionalmente. À medida que o tempo
passa, vão firmando a imagem mental que temos deles, aprofundam os sentidos de
seu texto e deixam perceber novos sentidos que antes nos escapavam. Pode-se
dizer que vamos conhecendo melhor nossos livros a cada leitura, o que certamente
tem a ver com nosso próprio auto-conhecimento e maturidade.
Reli as Histórias pela quinta ou sexta vez, e elas sempre me dão
um enorme prazer e me fazem rir. Mas nessa última leitura descobri um atrativo
inusitado em meu exemplar: sem eu saber como nem por quê, o livro ficou
perfumado. Não que o perfume de minhas mãos tivesse passado para ele. O cheiro
é outro: é meio madeirado, um pouco sândalo, um pouco poeira, com um toque bem
leve de baunilha que o redime e o deixa realmente uma delícia. Um perfume com
um bom fixador, porque impregnou o livro inteiro, de capa a capa. Um perfume
masculino, com certeza – e que agora associei a Cortázar.
2 comentários:
Essa Leitura Perfumada é um achado!
Beijos nossos, querida.
Muito bom o texto, Dade!
beijos
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