Um balão, um grande balão branco, restinho da noite de São João. Sabia que era proibido, mas não resistiu.
Devia ter vagado boa parte da noite, confundindo sua estrela dourada e móvel com as estrelas quietas e prateadas, ameaçando incendiar as nuvens. Deve estar cansado, ele pensou, é tão diferente de tudo que já vi em matéria de balão! No início seria talvez divertido conhecer lugares novos, a amplidão do céu, luzinhas, fitando-o sem parar de todos os lados.
Mas tudo cansa nesta vida. Devia sentir-se inútil, porque nada se beneficiava de sua mobilidade e não podia compreender a fixidez das estrelas, das nuvens, do próprio céu. As nuvens deslizam, vem de lá para cá, não tem personalidade como ele mesmo, desmancham-se, se contradizem. Além de tudo, ele lutava contra seu próprio fogo, que ameaçava reduzi-lo a cinzas. Contra o desespero do infinito, que não podia entender. Começou a achar que as estrelas eram de uma indiscrição abusiva.
Então, o grande balão branco, restinho da noite de São João, chorou. As lágrimas deslizaram para o horizonte e - milagre - o horizonte se incendiou pouco a pouco. Tudo foi ficando claro. Mesmo as estrelas não puderam resistir e fugiram. Cansado mas feliz, o balão se deixou levar. Mais uma vez, a liberdade tinha surgido das lágrimas.
6 comentários:
Querida amiga
As vezes
é preciso dor,
para nos acordar
a vida...
Que a alegria dance
em tua vida apaixonadamente.
Gostei dos teus textos, voltarei mais vezes. Abraço!
Mais um texto gostoso de ser lido. Meu beijo.
Obrigada, Aluísio!
Abraço grande!
Volte sim, Al Reiffer!
Abraço grande.
Jota Effe Esse, você é um amigo.
Abraço grande.
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