Não vemos o que pensamos estar vendo, e esse tem sido o motivo de tantos equívocos e desentendimentos entre os humanos. A realidade objetiva não é o que nossos olhos percebem. Nossos sentidos falham sempre e, por mais afiados que estejam, servem na verdade a nossa adaptação ao meio, mas não ao conhecimento objetivo do real, um eterno enigma para o bicho homem.
Se todo mundo pensasse a sério nessa verdade comprovada cientificamente, a humildade e a simplicidade teriam a chance de ser apreciadas de modo mais positivo pelas pessoas. Não falo em termos de virtudes místicas veneráveis, capazes de formatar santos para altares futuros. Nem de qualidades convenientes aos súditos de um governo, como frequentemente as propagandas oficiais postulam. Não proponho humildade como subserviência ou submissão, nem simplicidade como simplismo ou ingenuidade.
De certa forma, penso o contrário. Humildade aqui tem o sentido de consciência dos próprios limites. Quem busca a ajuda de alguém para resolver problemas que o impedem de caminhar, reconheceu a própria incapacidade de seguir sozinho. Isso é um sinal de humildade e simplicidade. Também age assim quem convive com a solidariedade, a compaixão, quem é capaz de empatia e dispensa a arrogância e o artificialismo. Nesse sentido, humildade é saber que se é tão bom como qualquer outra pessoa, ainda que se conheça profundamente algum assunto, tenha conquistado uma posição de destaque na carreira ou ganhado prêmios por alguma realização.
Sucesso pessoal, prêmios e reconhecimento não têm nada a ver com isso. Admiração e aplauso são incentivos necessários e fazem bem ao coração, contanto que os aplausos não venham de claques pagas para aplaudir quem não fez nada que o mereça. Nesse caso, tudo não passa de uma mentira pregada a si mesmo – um tipo de mentira que costuma deixar um gosto muito ruim na boca de quem a pratica e o ego esfolado.
Ou a gente se vê como realmente é, e fica contente ou triste com isso, sem megalomania, ou nunca vai entender o que é ser simples, direto, ver o mundo com olhos de criança. Acima de tudo, fica difícil amar ninguém além de si mesmo. Há quem goste – e não são poucos. Mas quem mesmo somos nós, no meio desse universo em que giramos e que gira a nossa volta?
7 comentários:
Eu de novo, a tomar-lhe espaço. Perdoe-me essa intromissão. É que o primeiro parágrafo me chamou atenção para uma questão importante. Já muito me perguntei: o que há entre realidade e conhecimento. Em meu entender, apenas o que resulta na validação social dos entendimentos. Verdade e Ciência? Bom, nem sei se podemos falar em verdade.
Quanto ao mais, há algo inegável: além de humildes e simples, as pessoas são o que podem ser, nunca o que anunciam ou, pelo menos, querem ser.
Texto muito bom, muito valioso.
A humildade é uma qualidade que aprecio muito e estou totalmente de acordo com o seu texto. Sua colocação é perfeita: tem gente que não consegue enxergar o mundo com objetividade; não vê que apesar de dinheiro, posses, fama - mesmo que seja em pequena escala - não lhe faz muito melhor que outrem, nem lhe compensa os erros cometidos. Aliás, tenho visto quão grande é o número de pessoas que não consegue enxergar o quanto estão equivocadas em suas atitudes e ideias. Penso que perceber-se como uma parte de um todo, como alguém que precisa dos outros e os respeita, é condição básica para a construção de um mundo melhor. Mas parece uma missão (quase) impossível...
Foi Sócrates quem disse que a humildade é a maior virtude. Mas faz tanto tempo... Alguém acharia possível lembrar?
São textos são ótimos.
Com amargor escrevo que somos causa e consequência de circunstâncias.
Não cumprimos nosso destino de pessoas - desde que existem pessoas neste mundo.
Somos espíritos a caminho da evolução embora estejamos bem longe de alcançá-la. Somos pequenos mas se vários de nós percebecemos a importância do respeito, da caridade, humildade, etc ,etc certamente mais rápido chegaríamos a um porto mais agradável e seguro. A imensidão do universos nos convida a olhar no espelho e atentar para a necessidade urgente de sermos solidários e comprometidos com a vida e por aí afora.
Ótima reflexão, bjs
o pó
da
vaidade
e do
cinismo
cega-nos
[fulminantemente]
*boa semana*
bem amiga..tem a haver com o mundo de outra prespectiva..espero qeu gostes...
http://zionpavillion.blogspot.com/2009/11/um-mundo-melhor.html
Postar um comentário