quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Voto meditado


Durante algumas semanas deixo de ler jornais e revistas, não vejo mais noticiário de tv nem quero saber das notícias de política e polícia, muito menos das que misturam as duas e que são cada vez mais freqüentes. Estou louca pra ver se isso muda alguma coisa na cabeça. Se mudar pra melhor, repito a dose. Alienação? No, babies. Entrei num período de desintoxicação mental pré-eleitoral.
Uma coisa que me deixa cabreira é a diferença entre o que de fato acontece na vida real e o que chega a nosso conhecimento via mídia. Apoiamos a opinião de um ou outro colunista que admiramos, pelo que sabemos dele e por suas idéias. Até aí, tudo bem. O que estraga é o efeito cumulativo do noticiário e da propaganda em geral: acabamos nos condicionando a pensar pela cabeça dos outros, o que não se recomenda, por melhores que os outros sejam (e quase nunca são assim tão melhores).
Às vezes fico assombrada com a uniformidade de determinados discursos em certos setores da mídia. Vivemos à sombra de um emaranhado de idéias e pontos de vista ditados por interesses que não conhecemos bem e não são nossos. Claro que não dá pra confundir gestos e atitudes impulsivas com opiniões próprias. Mas às vezes é preciso parar e refletir, deixar claro se o que estamos pensando não traz de mistura as opiniões alheias que, de tão repetidas, acabamos adotando como se fossem realmente as nossas. Uma espécie de catarse, um exercício de purificação em busca da serenidade necessária para pensar e agir por conta própria, sem deixar margem a futuros arrependimentos.
Agora, pouco antes das eleições municipais, talvez seja melhor puxar o freio, deixar de engolir sem mastigar o que nos enfiam goela abaixo e pensar ainda mais com a própria cabeça. Ou seja, votar pelo que o candidato tem de positivo, não dito por ele ou pela propaganda, mas do que tivermos conseguido efetivamente apurar sobre ele. Já é tempo de dar governos decentes a nossas cidades.
Falando do Rio em particular, estamos precisando de oxigênio, ar puro na administração, porque na que tivemos até agora predominou o descaso acompanhado de corrupção e muita falsidade. Valha-nos são Sebastião.
Se alguém estiver interessado em refletir sobre o assunto, vou abrir meu voto: dos bons candidatos, quem teria mais chance de vitória sobre Crivella e Paes (argh!!!) seria Jandira. Se Chico (que admiro sinceramente), Molon (idem, mas tá sem cacife) e Gabeira (de início meu candidato predileto) tivessem uma visão mais ampla da situação, acho que abririam mão de suas candidaturas em favor da Feghalli. Mas não tenho nenhuma esperança de que isso aconteça.

10 comentários:

Marcelo F. Carvalho disse...

Adelaide, compartilho desta visão e me sinto cada vez mais frustrado. Como diz um amigo: "a esquerda só se une na cadeia"... Uma pena, infelizmente. Apesar de ser da Baixada, ter um bom prefeito no Rio faz uma grande diferença para os que moram abaixo do mar. Jandira seria a minha opção.
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Abraço forte!

Cris disse...

Parabéns pela desintoxicação merecida. Todos nós merecemos, mas você tomou a iniciativa.Estou semi alienada há tempos.. televisão só aos domingos na companhia dos meus velhos. Sei que nada perco.Também penso na defasagem ética entre notícias e realidade.

beijo, Adelaide.

Anônimo disse...

Adelaide, simplesmente não consigo ficar sem ler jornal ou ouvir rádio por tanto tempo. Admito: sou um viciado em noticiários. E nessas eleições municipais, o que está me assustando é o quanto a eleição de 2010 está influenciando (e prejudicando) este atual pleito. Aqui em BH, (e acredito que também no Rio e em São Paulo), o debate local (que é o que realmente interessa) está ficando um pouco esvaziado por causa das articulações para a sucessão de Lula e dos governadores. Lamentável.

Um abraço.

Graça Pires disse...

Gostei da desintoxicação, Adelaide. Beijos.

mg6es disse...

muito oportuno o teu texto, Adelaide!

comungo contigo!

vlw a visita!

:)

Bianca Helena disse...

Que felicidade a sua, admirar sinceramente alguns candidatos. Eu quero muito isso, um dia.
Acho que eleição deveria causar verdadeiras comoções, como finais de campeonato. Isso aconteceria se houvessem líderes de fato. Ao menos na minha cidade, eu ainda não enxerguei isso.
Grande beijo, querida. Tenha uma semana feliz!

CoRa disse...

Pois é minha querida amiga e poeta, sinto-me exatamente da mesma forma... Em São Paulo gostava de poder votar na Soninha, mas que chance tem? Por outro lado vejo a Marta do PT já pasteurizado a degladiar com Kassab ... DE NOVO Alckimin e DE NOVO E OUTRA VEZ Maluf (affffe)... quem aguenta?
A grande vontade era mesmo que os noticiários em vez de divulgarem pesquisas e progressões, mostrassem pesquisas de quem votou contra e afavor de projetos que não beneficiaram ninguém, quem foi corrupto, quem empregou parentes, quem deixou a desejar e não honrou o voto recebido, ou o cargo que ocupou... Não era uma boa?
Saudades tuas. Beijos,

CoRa

Milena Magalhães disse...

Adelaide, maravilhosa a reflexão sobre a desintoxicaçéao das informações. Eu tb sinto que esta cada vez mais dificil saber exatamente o que é nossa opinião e o que é apenas repetido de outra boca.

Eu espero que os eleitores do Rio sejam mais sabios desta vez! Porque esta cidade linda merece alguém decente.

Um beijo.

Cecília Borges disse...

É... uma boa hora pra desintoxicação. Se há discussão sobre jornalismo parcial, nessa época então... estou visitando Uberlândia, minha cidade natal, e o candidato que eu gostaria que ganhasse irá se ligar a outro que honestamente...
Como não perder a esperança?

Um bj!

Cris disse...

Oi, linda...
Venho te agradecer a companhia alegre, pra cima, astral , nesses dias sorumbáticos que passei ( rsrs ) . Estou melhor. Beijão.