Antigamente eu me aborrecia quando o cós de uma saia ficava muito
amassado na reentrância da cintura. Agora tenho mais com que me aborrecer.
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Hoje encontrei anotado numa orelha de apostila: “o que é espontâneo vive
para sempre”.
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Naquele dia, precisava assistir ao jornal das quatro, que ia transmitir
uma entrevista de Cosme, meu colega de faculdade. Nos tempos da universidade,
Cosme era um adolescente magrinho, moreno, descendente de índios do Amazonas;
meio rebelde, inquieto, de olhos negros puxados. Naquela altura, porém, já se
tornara um caboclo barrigudinho de barbas compridas e grisalhas. O que não me
saía da cabeça era que não seria justo deixar de vê-lo naquele dia. Porque
talvez ele não vivesse muito mais. Porque talvez eu não tivesse muito mais para
viver. Um mês depois recebi a notícia de sua morte.
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Tudo que se consegue saber do futuro com relativa certeza é o que a
meteorologia prevê. O que é bem pouco, tendo em vista o percentual de erros na
previsão do tempo.
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O mais alto a que consigo chegar é quando procuro de todo coração
entender alguém. Nesses momentos me sinto no nível dos cristais de chuva.
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Deve-se perder o presente em nome do futuro?
2 comentários:
maior barato!
Gostei demais!
Beijo
A-d-o-r-e-i!
Beijo
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