A violência não brota do nada. E não tem só uma ou duas
causas nem caras. Não pode ser reduzida a fórmulas, como se tende a fazer nas
situações limite. Do mesmo jeito esse objeto de desejo de tanta gente que se
chama paz. Assim como violência gera mais violência, uma cara cordial, um olhar
amigável e um sorriso desarmado convocam a paz no interlocutor. Pode ser
impossível em alguns poucos casos; mas na maioria das vezes não só é possível
como muito agradável. E faz bem à saúde.
As discussões sobre o assunto terminam muitas vezes num
charco estéril de narcisismo. Argumentos irredutíveis que perdem de vista a
questão concreta não servem para nada.
As discordâncias conceituais têm que existir e devem ser
debatidas. Mas se vierem pela voz da prepotência e da vaidade, perdem sua razão
de ser e servem apenas para engrossar o arsenal das farpas, muito útil a quem
pretende aproveitar a crise para se projetar ou – pior ainda – tirar vantagem
dela. Será que isso não é manifestação de violência?
No imaginário coletivo as represálias e a vingança parecem
ter-se tornado recursos legítimos contra quem, com ou sem intenção, cria
obstáculos ao interesse de alguém. A primeira atitude das pessoas é o revide,
que vai das palavras à agressão física. Refletir um pouco nessas horas é um
santo remédio para não pagar mico. Apesar das aparências, quem mantém o
autocontrole numa situação de confronto merece o respeito de todos.
Violência tem graus mas não escalas que a tornem mensurável.
É contagiosa, mas não existe medicamento eficaz contra ela, a não ser que se
consiga uma mudança íntima, pessoal, pela qual alguém se disponha a ceder um
pouco, ou ao menos mostrar-se aberto a isso, em nome de um entendimento melhor
com o próximo.
O mundo não se divide em pessoas boas e más como se já
estivesse tudo resolvido. Nada está resolvido, nem vai estar nunca. Sempre há o
que melhorar em nossa vida. Mas isso só acontece quando estamos convencidos de
que a paz resulta de uma atitude alerta para compreender, avaliar com lucidez e
livre da cegueira da ira, tão freqüente nestes dias de brutalidade. Se a
mudança não começar dentro de cada um, podemos dizer adeus à paz e à esperança
de viver melhor.
7 comentários:
E é mesmo!
Beijo
Certa a tua visão! A paz é mesmo uma rua de mão dupla.
Beijos nossos
Excelente esse texto, Dade!
Beijo
Maravilha esse texto, Dade!
Muitos beijos.
Que beleza esse texto. gosteimdemais.
Beijos.
Uma beleza de texto. querida amiga!
Beijos
"Nada está resolvido, nem vai estar nunca." Pois não, Dade, cada um tem que forjar o seu espaço da melhor forma.
Feliz Natal!
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