Eu sei, eu sei, o Natal está
chegando, é hora de votos alegres, bolinhas cintilantes e barbudos suarentos de
roupa vermelha. Dependendo do contexto, tudo isso também pode ser uma náusea.
Assim como gente jogando lixo da
janela do carro; notícias sobre a CPMF; a cara do político safado. Autoajuda de
ocasião, conselhos impossíveis, como aqueles que ameaçam você com câncer e
infarto caso não os siga – e se você resolve segui-los, não tem mais tempo nem
de ler duas páginas por dia ou pegar um cineminha, chegando à conclusão de que
a vida não vale nada. A revista com suas caras cheias de dentes fake.
Programação de tevê nos fins de semana; gente que se acha o máximo. Correntes
por e-mail; textos assinados por autores famosos que nunca os escreveram; mensagens
de nove megas pra você perder tempo de abrir e ver um desfile de figuras bregas
e textos bobocas. Baile funk ou festa que nunca se acaba no play
do prédio vizinho. Os preços nas livraria (campanha pela multiplicação dos
sebos já!!!). Falsidade, mentira desnecessária, deslealdade, corrupção,
exploração, plágio. Políticas (?) de educação no Brasil. Submissão cega à moda,
o consumismo fútil que agrava as desigualdades sociais. Estupidez, violência,
agressividade liberada, desrespeito pelos outros e pela natureza, falta de
educação, insensibilidade aos problemas alheios. Candidatos a ditadores em
geral.
É nauseante não poder confiar nas
pessoas, às vezes vizinhos ou colegas de trabalho. É de dar calafrios ter que
andar na rua com medo de quem passa. É uma ressaca ser acordado às sete e meia
da manhã por um telefonema de marketing.
É de dar desgosto ver a Barra da Tijuca transformada em Miami. E não dá mais
pra aturar a avalanche de efeitos especiais – e a barulheira que eles fazem –
dos filmes americanos médios, os mais numerosos, a visão de mundo boçal que
impregna esses filmes, nem a babaquice das comédias que se repetem ad nauseam nos telecines da vida.
Tirando mais uns tantos itens
nauseantes, que ia ser dose ficar enumerando, mas que a gente atura e acaba
ficando ranzinza por causa deles, vamos enfim reconhecer que o Natal pode ter
momentos genuinamente gostosos, de alegria e até de felicidade. É desses que
desejo aos queridos amigos do blog.
Até a volta, queridos.