
Para o Houaiss, mania tem – entre outros não tão amenos – o sentido de gosto ou preocupação excessiva (por ou com algo).
Um blog costuma virar mania para quem o inventa. Mas depois de inventar o primeiro, a mania vai se enraizando e multiplicando-se os blogs. Há quem abra três ou mais e até uma página própria. Com o tempo ficou fácil abrir esse(s) espaço(s) próprio(s), mesmo que na rede não passe(m) de um (ou mais) entre dezenas de milhões.
Segundo citação do site IDG Now, em 18 de abril de 2006, a Technorati revelava que o número de blogs havia crescido 60 vezes em três anos. Havia então 35,5 milhões de blogs e era publicado 1,2 milhão de notas por dia, média de 50 mil por hora.
Diretamente do site da Technorati, no ano passado havia, só nos EUA, 22,6 milhões de blogueiros (12% do total). E segundo a Universal McCann, em dados de março deste ano, 2,184 milhões de novos blogs foram abertos (26,4 milhões nos EUA), e 346 milhões de pessoas são leitoras de blogs (60,3 milhões nos EUA). Ou seja, 77% dos usuários da Internet costumam ler blogs.
Mais que uma simples mania, fazer um blog pode ser um modo válido de dar a conhecer sua produção, suas pesquisas, seu trabalho enfim, individual ou de equipe. Para um pesquisador, um jornalista ou um escritor, em vários casos já se comprovou a eficácia desse meio de comunicação relativamente barato, simples de utilizar e de resultados às vezes mais rápidos do que se imaginaria.
Verdade que muitas facilidades oferecidas pela Internet são meio neutralizadas pelas exigências do mercado, porque todo mundo quer ganhar o seu – quem publica, quem lê, quem anuncia e quem oferece oportunidades – leia-se ofertas de serviço pago. Editores, provedores e anunciantes assestam sua cobiça sobre os sites mais procurados.
Talvez por isso os casos de reconhecimento de um bom trabalho se tornem mais escassos. Outro fator negativo para quem procura projeção é a quantidade espantosa de sites on line, um verdadeiro cipoal que embaraça qualquer busca. Tornar-se mais que uma agulha no palheiro requer qualidade excepcional, propaganda e informação tipo Feeds ou e-mails programados que perigam afundar no limbo dos spams.
Mas o que funciona de verdade na projeção de um site, ao menos pelo que se pode observar, é uma combinação de contatos reais de seu(s) autor(es) com uma qualidade capaz de chamar a atenção dos leitores e observadores. A falta de um desses fatores pode ser a causa do desempenho fraco de blogs ou sites muito bons, que acabam perdidos entre os medíocres de plantão.
Mas nem tudo se resume na corrida pela glória. Há também o prazer de ler e ser lido, trocar opiniões, comentários, fazer amigos novos de qualquer quadrante e aprender sempre mais. É impressionante como se aprende com a leitura de certos blogs, em matéria de sensibilidade, idéias e estética. Para isso, sobram leituras prazerosas e enriquecedoras. Vale selecionar um pouco as amizades e evitar blogueiros umbigudos, desses que só pretendem se fazer notar e usam comentários e elogios fáceis como moeda de troca em proveito próprio, pouco se lixando para os textos dos demais donos dos blogs onde deixam as marcas de seu narcisismo infantil. Afinal, mesmo para quem não conquista o reconhecimento que todo mundo deseja, existe uma ética que deve ser observada em cada instância da vida, e essa de que falamos inclui respeito pelo trabalho dos outros e obrigação de dar o melhor de si em seu próprio trabalho.